Já falei pra vocês o que é a terapia, mas o processo em si pode parecer confuso para os pacientes de primeira viagem. Nos primeiros contatos na clínica, a pergunta mais frequente é essa: como funciona a terapia? E a pergunta é muito maior do que parece, a princípio.
Também já teve dúvidas sobre o processo de tratamento? Então vem comigo!
O local.
Seja remota ou presencialmente, a sua terapia depende do quão protegida a sua privacidade está. Pensa comigo: você vai tocar em assuntos muito pessoais, coisas boas e ruins. Você gostaria que alguém de fora ouvisse tudo isso? Por isso mesmo, a clínica é um local montado com a preservação do paciente em mente.
Está fazendo terapia remota? Então aqui vão as indicações: Fones de ouvido, um local onde você possa estar de porta fechada ou sozinho e, se puder, com alguns minutos de folga entre o começo e o final da sua sessão.
Frequência de sessões.
Para funcionar, a psicoterapia (um nome mais formal para a terapia feito por um profissional da psicologia) precisa de continuidade. Por isso, é comum que as sessões sejam semanais. Claro, há casos mais delicados que pedem duas sessões semanais para melhor observar o estado mental e emocional do paciente. Também existem as sessões pontuais, essas que ocorrem em um momento de crise aguda e são o equivalente do cuidado emergencial.
Além disso, também existem condições onde sessões quinzenais são a melhor opção, muito comum no caso de pacientes com rotinas imprevisíveis e queixas mais moderadas.
Tá, mas porque? O objetivo dessa pontualidade e frequência é estabelecer uma relação de confiança entre paciente e psicólogo, um conhecimento mútuo entre vocês e a chance de várias situações do seu dia-a-dia serem discutidas ali, já que os efeitos da saúde mental debilitada são muitos e podem atingir diversas áreas da sua vida. É vendo onde, como e o quanto você vem sendo afetado que podemos compreender a origem do problema e, mais do que isso, qual caminho tomar para causar mudança.
Bem-estar.
Esse é bem subjetivo, depende do que você considera se sentir bem. Mas acima de tudo, você precisa se sentir bem com o seu psicólogo. Se você não se sente à vontade ou bem recebido, troque de psicólogo. É um conselho importante que dou a qualquer um, inclusive aos meus próprios pacientes, logo nas primeiras sessões.
Se sentir desconfortável, acuado ou só não ir com a cara do seu terapeuta atrapalha a relação, o que atrapalha a compreensão entre vocês, o que irá atrapalhar o tratamento por completo. Não encaixou com o psicólogo? Está tudo bem trocar! É melhor para a sua saúde e para o profissional também.
A primeira sessão.
No começo, é comum que o seu psicólogo tenha mais perguntas e fale mais. Vocês precisam se conhecer e, mais do que isso, saber exatamente o que te levou a procurar ajuda. Isso não significa que você precisa chegar com uma resposta pronta!
É nessa conversa mais relaxada que se estabelece o primeiro objetivo da terapia e quais as suas expectativas. Também é uma boa hora para fazer perguntas, quantas quiser!
Sessões seguintes.
Pessoalmente, trabalho com a associação livre. O que isso significa: Você vai ser convidado a falar livremente sobre seus pensamentos, sentimentos e comportamentos. Pode ser um relato do que aconteceu na semana? Pode. Pode ser sobre um filme ou série que te tocou? Pode. Pode ser sobre um jogo importante do seu time que te trouxe bastante emoção? Pode também. Não existe limitação nem julgamento para nenhum tema.
Tá, mas porque? O objetivo dessa fala livre é deixar que venham os assuntos que a sua mente pedir. Sendo mais rebuscada, é deixar que o inconsciente venha à tona e possa ser observado por nós, psicólogo e paciente. Dessa forma, conseguimos acessar situações escondidas na memória ou compreender que um comportamento tomado como normal tem, na realidade, uma função. São apenas exemplos, mas muito comuns na clínica.
Duração do tratamento.
A terapia pode ser um processo longo, mas não é uma regra. A alta vai depender do estado da sua saúde mental, das mudanças feitas em relação à primeira queixa que te levou a buscar ajuda e também vai depender do processo de autoconhecimento que você passou durante esse tempo. Você consegue lidar com as situações-gatilho melhor do que antes? Consegue manter limites para o seu ambiente e as pessoas nele, para não voltar a adoecer? Sente-se bem, no geral?
Essas perguntas todas devem ser respondidas por você e por seu psicólogo. Uma vez que todas as respostas são positivas, você está pronto para a alta!
E depois?
A psicoterapia pode ser retomada quando for necessário. É comum que, após a alta, pacientes façam sessões pontuais quando passam por uma situação de muito estresse.
É importante ressaltar que a psicoterapia, como qualquer tratamento de saúde, precisa ser levada a sério e vai exigir de você um pouco de esforço. Nem sempre é confortável, sei bem disso. Mas o objetivo final é que você saia do consultório (e do tratamento) muito mais saudável e, dessa forma, mais contente também.
Ficou alguma dúvida sobre o processo? Me mande uma mensagem, é um prazer esclarecer o assunto pra vocês!